segunda-feira, 22 de junho de 2009

O Show de Truman

O filme “O Show de Truman” conta a história de um homem que é monitorado 24hrs por dia desde o seu nascimento para um programa “revolucionário” de reality show. Para que isso seja possível um ‘mundo paralelo’ é criado onde Truman irá crescer e se desenvolver submetido aos olhares de um público e orquestrado por roteiristas que ele sequer conhece. Nesse mundo, um mundo ideal, as coisas acontecem do modo como “deveriam acontecer”, segundo o criador do show. Os comportamentos são monitorados, o que faz com que as pessoas ajam de forma mecânica, sem as paixões, pulsões e até transgressões da vida natural. O comportamento de Truman, embora não tão regulável, acaba também adaptado a este ambiente, e logo temos um personagem que dança conforme a musica que lhe tocam. Truman mostra-se extremamente previsível no inicio do filme, suas atitudes e escolhas no dia-a-dia podem ser medidas da mesma forma que a quantidade de chuva ou sol falsos do cenário ao qual faz parte. Mesmo a grande fobia, desafio que terá de ser enfrentado por Truman ao final de sua epopéia – o medo de água – foi manipulado através do que, poderíamos chamar, um evento traumático na vida do personagem. Além de nos falar sobre comportamentos, não só os manipuláveis do ‘mundo de Truman’, mas os manipuláveis pela mídia, que “compramos” dia-a-dia; o filme nos trará a importância de mudanças, que quebram paradigmas, círculos viciosos e libertam. Nos trará a importância da espontaneidade e de como essas coisas só são alcançadas através de enfrentamentos, não somente externos, mas principalmente dos nossos roteiros internos, que nós mesmos pré-determinamos e que seguimos compulsivamente dia após dia sem nos questionar.
É interessante notar que nada se sabe sobre os pais biológicos de Truman e que, portanto, não se pode mensurar que tipo de heranças estes podem ter deixado a ele. Entretanto, vê-se claramente o quanto ele é produto de seu meio. Sua personalidade, visão de mundo e comportamento são regidos pelo ambiente que o cerca e pelas experiências vividas junto aos atores designados para serem seu pai, mãe, amigos e etc. Nada pode corroborar melhor esta afirmação do que o fato dele ter permanecido tantos anos neste sistema sem desconfiar de nada.
Truman foi ensinado, quase treinado, a ser o grande astro de reality show e ele desempenhava perfeitamente este papel. No entanto, há um evento na vida de Truman que foge a todos os planejamentos: Sylvia. A atriz inconformada consegue fazer com que Truman olhe para sua própria vida, para os acontecimentos, de outra forma. Por muito tempo ele preferirá se acomodar e conviver com a vida que lhe é apresentada, mas quando definitivamente resolver enfrentar suas questões internas, é nessa relação de apoio genuíno que teve um dia, onde encontrará forças para seguir os objetivos e mudar de comportamento, de visão e, literalmente, de mundo. Truman terá que reaprender a viver, reaprender o mundo, reaprender as relações, enfim, terá de fazer novas conexões que resultarão em novos comportamentos e numa nova vida.
É difícil, ao se deparar com o grau de realidade e mesmo de possibilidade que há no filme, não nos perguntarmos onde é que estamos nesse contexto. O mundo moderno é de fato o mundo dos reality shows. De livre consentimento, sim! Mas até que ponto menos nocivos? E até que ponto não estamos todos nós submersos no mundo do “Grande Irmão”, tendo nossas atitudes coordenadas pelo estilo de vida midiático; nossas escolhas, pelo mais bem construído slogan? Até que ponto não somos nós mesmos pessoas comerciais? Até que ponto não vendemos a nossa imagem enquanto compramos (e descartamos após uso) a de outros? Existe uma vida moderna controlada não somente pela cultura e regras sociais, mas pela opressão da velocidade e da pressa, do consumismo, da alienação. A reflexão cabe a nós, futuros psicólogos, enquanto estudantes do comportamento humano; e a nós, como seres humanos integrais, enquanto roteiristas principais de nossa própria atuação.

resenha obrigatória pra cadeira de Funcionalismo, mas que vale como indicação..
pra quem nunca viu: vejam! filmaço!

bjus "procêis" (em homenagem ao mês) ^^

4 comentários:

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Toda câmera tira a minha originalidade e espontaneidade, mesmo que eu não faça nada de condenável.
Au revoir, mon amie.

Vinicius disse...

heheheh uma legítima resenha críticas das cadeiras de Psicologia.

Não vou falar muito, não por não ter opinião, mas sim por ter um TCC (trabalho de conclusão de curso) que fala basicamente isso tudo e dando enfase ao culto ao corpo na modernidade
beijos

someone disse...

hahaha...it's my life and that is it...nothing more
surprise sweetheart
kiss
bye

Anônimo disse...

Acho que nós somos a própria face do que a sociedade impõe como correto. Aqueles que vivem de forma diferente, estão sujeitos aos preconceitos e etc... O filme é excelente mesmo... Não sou nenhum estudante de psicologia (hehehe), mas entendi bem a sua visão e comparação do filme com a realidade... Basicamente, somos todos um pouco Truman. ^^'

BeeijO cunhaa' s2

-v-