sexta-feira, 17 de julho de 2009

Revisitando II

Consciência demais...
A vida é realmente uma coisa ingrata.
Hoje, sentada sob as árvores que meu avô já morto plantou fiquei pensando em quantas vezes ele já veio a minha mente depois de morto. Poucas. Quando a minha parte inteligível já podia conversar ele já tinha tido um derrame e não se entendia nada do que ele falava. Estive muitas vezes em sua casa mas nunca pudemos conversar. Eu vejo como minha mãe sente falta dele. Quantas sentem? Eu o conheço só de ouvir falar.
Então eu pensei no meu funeral, e que bem que essa música, Sundial Dreams, que eu adoro podia tocar nele. Quantas pessoas irão pensar em mim e sentir minha falta? É difícil saber de que modo devemos viver. Uma dualidade básica é exatamente esta: de modo que nos agrade ou de modo que alguém vá sentir nossa falta? A vida é ingrata, no mínimo, por que a pessoa em questão nem sabe quanta falta faz ou o bem que um dia fez.
De novo as árvores. Meu avô as plantou e eu estou aqui, debaixo da sombra que elas fazem. A gente vive, vive, vive, corre, corre ,corre e para que? Não é óbvio que quanto mais se vive mais se aproxima do fim? Que cada dia vivido é um passo para a cova? Eu não tenho medo da morte mas me dói intensamente saber que um dia vou não-viver. Nem ver a grama verde, nem abraçar quem amo. Nem sentir tudo, com os 5 sentidos, ou melhor, com os 6.
Fazemos o melhor mas no fim das contas... nunca sabemos se valeu a pena. De novo no fim das contas é tudo uma grande incógnita. Tarde melancólica... Que música triste... Quando será a última vez que vou ouvir a voz de minha mãe? A primeira voz que ouvi...
As pessoas sofrem e sofrem e depois que muito aprendem elas morrem.
Quanto mais consciente a gente é...
Minha mãe pensa em vir pra cá algum dia. Eu não. Este lugar me faz pensar demais.

escrito em 26/02/2005

Um comentário:

someone disse...

Eu penso muito sobre a morte.
Não encaro como algo finito,mas como uma continuação de algo.Penso que devo viver cada instante,que o dia de hoje é muito importante.Além de crer que não vivemos nada por acaso.Por isso tento encarar meus problemas de frente.
Tb penso muito no meu avô que foi a minha figura paterna.Não tenho nenhuma lembrança ruim com ele.E, agradeço a Deus todos os dias por ter conhecido a pessoa maravilhosa que ele era.

bjoOs