Meu primeiro sentimento foi de angústia, me colocar naquele lugar foi inevitável. 5 anos sem falar?? O pensamento que me veio em seguida foi sobre escrever. Será que também era proibido escrever? Qualquer modo de expressão? Como se derepente tu te tornasse somente um receptáculo funcional (ao menos aparentemente)?
Eu sou uma tagarela. Assumida. Vergonhosamente, mas assumida (junto com todas as minhas outras porcariazinhas que, eu compreendi, assumir me deixavam mais leve e feliz). Como todo bom pecado tem uma 'justificativa', aí vai a minha: organização. Falar, assim como escrever, me ajuda a me organizar. Me obriga a pôr relativa ordem naquela torrente de idéias que me passam cotidianamente. Mais: ouvir-se ou ler-se te convence dos teus absurdos ou das tuas razões, te ajuda a refletir, compreender, planejar.
Em geral quando pego uma caneta na mão não tenho lá muita idéia do que vou escrever.. só uma motivação, uma angústia, uma polarização - e me despejo em cima do papel, da mesa, quase caio pelo chão em busca da tão sonhada homeostase. Posso estar redondamente enganada, mas achei o método pitagórico por demais drástico, pra não dizer contraproducente. O objetivo, o mais nobre (todo bom pecado...), mas eu me arrisco denovo: a verdadeira escuta, a escuta ativa, interessada, vem da interação, não do receptáculo.
Ademais o texto é ótimo e eu recomendo. Rose ainda vai falar da escuta pelas perspectivas de Rogers, Quintana, e outros queridos.
E pra vocês? Por que falar? E por que calar?
Boa leitura! E bons papos!
5 comentários:
AMEI!
acho que eu jamais disse isso!
tudo o que descreveu é a mais pura verdade.
posso dizer que me inclui no texto,não consigo me ver sem argumentar com outras pessoas o que penso,ou sem escrever as minhas besteiras,mas que me fazem pensar,raciocinar a respeito de tdo.
pra concluir, aristóteles já dizia que o homem necessita do diálogo, da troca, para alcançar a felicidade,para tornar-se completo.
BjoOs
Acredito que só falamos quando tem alguém afim de ouvir. Nunca sala de aula como todo mundo quieto, certamente a intimidade era a última coisa a ser trabalhada, logo, não sei até que ponto seria dificil ficar em silêncio, mas não daria certo hoje, ainda mais pelo valor que o silêncio tem. Cada vez mais caro!
"Falar, assim como escrever, me ajuda a me organizar. Me obriga a pôr relativa ordem naquela torrente de idéias que me passam cotidianamente".
Quando estou com um papel e uma caneta na mão, mas não sei o que escrever. Desenho! Não sei se organiza muita coisa, mas expressa e acalma a angustia de viver.
beijão
Muito interessante isso do método pitagórico! Sobre o porquê de falar ou calar, eu não sei. E fico feliz em não saber. Se eu sempre soubesse o porquê de falar eu nunca ouviria a mim mesmo. Se eu sempre soubesse o porquê de calar eu nunca falaria.
As vezes eu sinto que tenho preguiça de falar. Tenho preguiça de me explicar para os outros, explicar o que eu penso, o que quero, o que sinto, o que gosto (...). Mas eu gosto de escrever. Escrevo e leio o que eu escrevi várias vezes, até eu me entender. Converso comigo no espelho... O problema deve ser 'os outros' (ou eu mesma)!.
estudando jornalismo a gente aprende que antes de qualquer coisa, de falar e de compreender, é preciso escutar para poder rebater alguma coisa. quem não escuta ou que não lê, não teria muito a dizer. como a Nati disse, eu muitas vezes tenho preguiça de convencer alguém de alguma coisa, de argumentar. a não ser que o ponto em questão seja de importal fundametância pra mim :) mas eu sou melhor na escuta, com certeza, me enrolo toda nas palavras e acho que escrever é bem mais fácil que soltar o verbo oralmente. beijos!
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