quinta-feira, 30 de julho de 2009

pseudo-desacreditada

Comentando com o Léo hoje sobre as postagens temáticas dos sintonizados, me peguei falando o seguinte:
"um bando de gente inteligente. Tô até começando a acreditar na nossa geração"
fato 1: é mesmo um bando de gente inteligente.. você bloggeiro que não se juntou aos sintonizados tenha pelo menos a vergonha na cara de dar uma passada pelos blogs do pessoal e ler os textos incríveis que estão saindo..
fato 2: eu nunca acreditei na nossa geração.
triste não?
Não acreditei mesmo.. assim como não acredito em política, não acredito em superstições (exceto as minhas, só as minhas, não as de todo mundo), não acredito no Martin Page (sim Maurício.. eu garanto que ele sempre foi estúpido!) e não acredito em quem não gosta de cães.
Pra ajudar meu espírito utópico talvez a minha opinião tenha começado a mudar..
eu tenho visto uma porção de gente diferente.. talvez esses sejam os anos dourados (da minha existência) ou algo assim, mas a questão é que tem gente produzindo, e coisas bacanas..
então, como recomendação nunca é demais, dêem mesmo uma olhada no texto do pessoal. Tá demais.

domingo, 26 de julho de 2009

A geração mascarada – com amor. Postagem temática.

Cena 1:
Uma mulher bem-sucedida profissionalmente, mas completamente confusa emocionalmente, senta-se frente ao espelho em um dos salões mais caros da cidade disposta a mudar o tom e o corte de cabelo pela oitava vez naqueles últimos seis meses. Ela cumprimenta o cabeleireiro, dá as instruções e então imerge em leitura de tal forma que poderíamos pensar que está lendo Wilde ou coisa do tipo. Ao buscarmos com os olhos o objeto de tão grande interesse, em suas mãos nos deparamos com uma revista, visivelmente gasta, talvez a mais folheada do salão:
- Como se vestir para um primeiro encontro (e o que cada roupa sua quer dizer)
- Transar ou não transar? (e quando e como)
- Ligar ou não ligar? (sua decisão sobre isso pode ser definitiva!)
- Que assuntos abordar irrevogavelmente e quais evitar obrigatoriamente nos primeiros encontros (com dicas de como responder aquelas perguntinhas chatas dele!)”.

Cena 2:
No intervalo entre um cliente e outro, Ricardo dá uma espiada no “Dr. Love”. Ele havia feito o cadastro no mês passado e, agora pagando uma pequena taxinha, está muito confiante de que sua vida relacional irá mudar! O post do dia tem por título: “Como sodomizar emocionalmente aquela gata e deixá-la louca por você”. Os olhos de Ricardo brilham ao ver que o sucesso sempre esteve tão próximo.. sumiços programados, celulares in off por algumas horas, atitudes previsivelmente “imprevistas”, impulso calculado.. e então, tudo acontece!

É fácil perceber de que modo a cena 1 e 2 se aproximam. A insegurança relacional contemporânea – tão maestralmente explicada por Bauman – faz com que o casal supracitado se apegue firmemente aos gurus sentimentais do momento e compre deles as máscaras que invariavelmente trarão sucesso a sua vida relacional. Eles já compraram outras máscaras em outros tempos (incluído gratuitamente) em livros de auto-ajuda. No armário, de uso freqüente, estão: “sempre feliz”, “sempre magro”, “sempre saudável”, “sempre bem-sucedido”, “sempre de bom humor”, “sempre desejável”, “sempre auto-confiante”.

No entanto, por um motivo ou outro, suas máscaras tendem a se tornar ineficazes com o tempo - e como este é um mercado relativamente novo, e não existe troca ou reembolso - resta-lhes somente procurar por outras novas, upgrades, mais adaptadas, mais eficientes.

Os antropólogos modernos lançam novos estudos: “Que tipos de relações têm a geração dos mascarados?”, “Será possível que homens e mulheres (con)formados a um código comportamental possam reproduzir agora relacionamentos em série?”, “Haverá, futuramente, máscaras que respondam de modo plenamente satisfatório aos livros de auto-ajuda, colunas emocionais e passíveis de todas as garantias possíveis?”

Os antropólogos saudosistas lançam estudos bibliográficos: “De que modo a geração mascarada sublimou a espontaneidade?”, “Será o fim do ‘feeling’ uma evolução adaptativa?”

Os antropólogos polêmicos perguntam: “Será tão grande o nosso moderno medo de ficar só que devemos nos (con)formar para que alguém se apaixone pelo que não somos?”


O Rafael, do http://www.contagens.blogspot.com/, lançou o desafio das "Postagens Temáticas" e esse é meu primeiro post dentro da combinação. Serão propostos temas escolhidos pelos próprios bloggeiros participantes a cada 10 dias. Quem se interessar pela idéia vai encontrar tudo mais claro e explicadinho no próprio blog do link e pode realizar lá a "inscrição".
Tema sugerido: eufemismo

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Destreinada

Meu vô morreu.
Como eu disse pro Vinícius (http://www.pavulso.blogspot.com/), parece que esse é o tema do mês: a morte. O que esperar de agosto? O dito "mês do cachorro louco"?
Meu vô era uma pessoa "interessante". Ele maltratava minha vó, roubou meu pai dela algumas vezes, ele só fazia o que queria, rodou o mundo um pouco, ficou na pior um tanto. Só nos procurava em caso de hospital e, ainda assim, quando ficava bem fugia de lá sem deixar pistas.
Eu lembro de querer contato (quando nasci ele e minha vó já estavam separados) e mandar cartas, às vezes fotos. Lembro de uma ou outra visita. Numa delas a gente foi vê-lo no açougue onde ele trabalhava. Eu lembro bem por que em cima do açougue tinha uma locadora pornô e eu subi as escadas e vi a primeira cena de suruba da minha vida. A gente tinha levado uma água de cheiro de presente pra ele e quando ele recebeu perguntou se a gente achava que ele cheirava mal. Ficou furioso com o 'mimo' e a visita acabou mal, como sempre.
Eu desisti dele em uma dessas fugas. Ele precisava se cuidar, tínhamos o encontrado em um barraco repleto de pulgas e doente e eu pedi, chorando, que ele ficasse com os cuidados, mas ele olhou calmamente pra minha expressão chorosa e disse: não. Daí em diante eu pensei nele poucas vezes, o vi menos vezes ainda e isso tudo virou só um assunto a ser evitado.
Hoje, quando a minha irmã me acordou com a notícia, ela a dizia com um "sorriso" de canto de boca e jogou-a em cima de mim.
"O vô morreu, de AVC, e já foi enterrado" - ela falou de uma vez e despretensiosamente. Sim, ela também não sabe como lidar com esta relação.
Me parece mais difícil lidar com a morte dele do que com a sua vida. Enquanto ele vivia me parecia natural manter distância de quem já tinha causado tanto mal aos que eu amo e que não fazia esforços por aproximar-se. Agora não. Agora, como tudo, me parece que eu deveria ter insistido mais, que eu não poderia desistir de alguém a quem se chama "vô". Agora eu não posso mais optar não vê-lo, não pensá-lo e não falar dele. Ele já foi, levou com ele as opções, as oportunidades, o que poderia ter sido e não foi.
E eu fiquei aqui, destreinada na morte para o que já estava tão bem treinada na vida: evitá-lo.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Palavras que a gente odeia

O homem sincero postou na última semana sobre palavras. Na verdade, sobre as palavras que a gente não suporta, por um motivo ou por outro. Ele odeia impermanência, e então perguntou aos seus leitores que palavra eles odeiam sobre todas as outras. A concorrência é acirrada, surgiram até agora entre os comentários, palavras como: saudade, obrigação (ai ai ai), desprezo, covardia e até mesmo despertador (uhh.. medoo..)! No entanto eu ainda fico com a minha: inconstância. Essa palavra é necessidade e prisão, ou talvez ela seja prisão por ser necessidade. Eu sou inconstante e isso resume a maioria dos meus problemas, então se eu pudesse eliminar a inconstância em si junto com a palavra eu o faria! Isso vai soar extremista, é claro, e eu sei que vou acabar “ouvindo” que uma vida constante e seres constantes são, no mínimo, chatos.Mas agora vamos fantasiar um pouquinho, okay? Do meu dictionary’s world inconstância está terminantemente abolida!
A pergunta continua.. que palavra vocês odeiam e por quê?

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Sete Vidas

Eu vi este filme agora... sete vidas. E eu comecei a pensar sobre todas essas coisas.. de dar a vida por alguém. Foi uma coincidência por que eu tinha pensado sobre morte ainda hoje, quando repostei aquele post sobre o meu avô, escrito há 4 anos atrás. Eu acho que todo mundo já ouviu aquilo que “dar a vida por alguém é a maior prova de amor que pode haver”. Bem, eu felizmente, tenho alguém a quem eu daria a minha vida sem pestanejar. Minha irmã. Não consigo ser altruísta o suficiente pra dizer que faria isso por duas ou três pessoas.. mas pra ela certamente eu daria. Pode ser aquela coisa de irmão mais velho, protetor.. mas parece mais profundo pra mim. Eu amo a minha irmã por que eu admiro ela. Ela sempre foi mais sensata do que eu, mais saudável do que eu, talvez sempre tenha sido mais feliz.. isso realmente não dá pra saber. Mas eu daria por que fico pensando numa extensão, uma extensão de vida nela. Eu gostaria de extender minha vida nela. Sentir os cheiros do modo como ela sente, ver as cores que ela vê, as lágrimas, as pessoas, o mundo. Talvez esse seja mesmo o mais profundo amor que possa existir, ou pelo menos o mais profundo amor que eu conheço até então.
É melancólico pensar sobre essas coisas.. de morte e de vida.. mas eu acho que pensar sobre isso te faz viver mais e amar mais (se é que essas duas coisas não são sinônimos). Mas não é exatamente a mesma coisa que pensar sobre um sentido pra vida ou algo do tipo.. é diferente.
Bem.. não preciso dizer que eu recomendo o filme, né? Tive que escrever sobre ele pra não me sentir em dívida. Engraçado isso, eu escrever sobre algo me soa como um presente ou como um agradecimento.

Revisitando II

Consciência demais...
A vida é realmente uma coisa ingrata.
Hoje, sentada sob as árvores que meu avô já morto plantou fiquei pensando em quantas vezes ele já veio a minha mente depois de morto. Poucas. Quando a minha parte inteligível já podia conversar ele já tinha tido um derrame e não se entendia nada do que ele falava. Estive muitas vezes em sua casa mas nunca pudemos conversar. Eu vejo como minha mãe sente falta dele. Quantas sentem? Eu o conheço só de ouvir falar.
Então eu pensei no meu funeral, e que bem que essa música, Sundial Dreams, que eu adoro podia tocar nele. Quantas pessoas irão pensar em mim e sentir minha falta? É difícil saber de que modo devemos viver. Uma dualidade básica é exatamente esta: de modo que nos agrade ou de modo que alguém vá sentir nossa falta? A vida é ingrata, no mínimo, por que a pessoa em questão nem sabe quanta falta faz ou o bem que um dia fez.
De novo as árvores. Meu avô as plantou e eu estou aqui, debaixo da sombra que elas fazem. A gente vive, vive, vive, corre, corre ,corre e para que? Não é óbvio que quanto mais se vive mais se aproxima do fim? Que cada dia vivido é um passo para a cova? Eu não tenho medo da morte mas me dói intensamente saber que um dia vou não-viver. Nem ver a grama verde, nem abraçar quem amo. Nem sentir tudo, com os 5 sentidos, ou melhor, com os 6.
Fazemos o melhor mas no fim das contas... nunca sabemos se valeu a pena. De novo no fim das contas é tudo uma grande incógnita. Tarde melancólica... Que música triste... Quando será a última vez que vou ouvir a voz de minha mãe? A primeira voz que ouvi...
As pessoas sofrem e sofrem e depois que muito aprendem elas morrem.
Quanto mais consciente a gente é...
Minha mãe pensa em vir pra cá algum dia. Eu não. Este lugar me faz pensar demais.

escrito em 26/02/2005

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Narciso - parte I

Depois de duas taças de vinho, levantou-se e foi até o espelho. Sempre fora fraca pra bebidas, especialmente a acertivamente dedicada a Baco. Sentia cada milímetro de pele intensamente, principalmente os lábios, o nariz, a região em volta da boca. Olhou-se com malícia e pôs-se, derepente, a beijar o espelho apaixonadamente. Primeiro com pequenos beijos e finalmente colocando a língua, parando de tempo em tempo para lançar a si mesma olhares maliciosos e rir risadinhas de canto de boca.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Férias da facul.. nunca da vida

Eu juro que eu pensei que nas férias eu iria escrever mais..
mas Deus sabe que eu estou falando a verdade.. eu não pude abandonar minha agenda nas férias!! Claro.. os dias estão repletos de atividades que nada tem a ver com meu caminho até a Feevale.. mas estão repletos ainda assim.
Anyway, eu quis passar aqui só pra registrar esse momento ótimo que eu estou vivendo.. por que eu achei muita sacanagem deixar sempre só as coisas ruins marcadas por aqui.
Nas últimas semanas eu tenho recebido um feedback incrível da minha psico.. coisas que eu nunca imagnei ouvir e que tem todo um valor especial justamente por ela ser uma pessoa que me conhece "por inteiro", as partes mais escuras.. mesmo as que eu não conto pra ninguém, as preocupações, os medos mais absurdos.. as atitudes mais ridículas..
ela vem falando na minha alta, e eu fiquei apavorada quando ouvi ela falar nisso pela primeira vez mas agora eu trabalho uma 'imagem mental' que me ensinaram e que consiste em pensar que essa é uma escada em que cada degrau subido é apagado e, portanto, não há como voltar atrás. Depois que tu te conhece, não há como negar isso.. essa consciência.
Hoje ela disse que sente um orgulho de mãe de mim e que conhece pouquíssimas pessoas que se conheçam e estejam em contato consigo mesmas como eu estou agora.
Não é pra ficar feliz da vida?
E os amigos.. a família.. mesmo os casos.. tudo está sendo de um crescimento incrível..
Eu desconstrui um castelo falido e a muito custo comecei a construir outro, esse sim, seguro, sobre bases fortes e com pedras limpas.
Musiquinha clichê que eu ouvi hoje.. mas que cantei a plenos pulmões..
fica aí pra vocês, o Rei Roberto ;)

Quando eu estou aqui
Eu vivo esse momento lindo
Olhando pra você
E as mesmas emoções
Sentindo...

São tantas já vividas
São momentos
Que eu não me esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui...

Amigos eu ganhei
Saudades eu senti partindo
E às vezes eu deixei
Você me ver chorar sorrindo...

Sei tudo que o amor
É capaz de me dar
Eu sei já sofri
Mas não deixo de amar
Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi!

São tantas já vividas
São momentos
Que eu não me esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui...

Mas eu estou aqui
Vivendo esse momento lindo
De frente pra você
E as emoções se repetindo

Em paz com a vida
E o que ela me traz
Na fé que me faz
Otimista demais
Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi!
Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi!!